Vídeo: evento em colégio cívico-militar do Paraná faz exposição de fuzis para estudantes
Evento em colégio cívico-militar faz exposição de armas para estudantes no Paraná Um evento realizado no Colégio Estadual Vinicius de Moraes, em Colombo, ...
Evento em colégio cívico-militar faz exposição de armas para estudantes no Paraná Um evento realizado no Colégio Estadual Vinicius de Moraes, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, gerou críticas nas redes sociais após imagens mostrarem uma exposição de fuzis e outros armamentos da Polícia Militar do Paraná aos alunos, menores de 18 anos. Assista ao vídeo acima. O evento aconteceu na última quarta-feira (3), durante uma visita de representantes da Secretaria da Segurança Pública (Sesp) do Paraná ao colégio, que é um dos 345 da rede estadual que fazem parte do modelo de gestão cívico-militar. Segundo a Sesp, a exposição foi realizada em uma ação institucional no colégio. ✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp "Durante o evento, equipes do PROERD, da Patrulha Escolar, da Patrulha Maria da Penha, do Corpo de Bombeiros e de unidades especializadas apresentaram aos alunos aspectos do trabalho diário das forças de segurança", informou a secretaria por meio de nota. A secretaria afirmou ainda que a exposição de armamentos "é um tipo de ação tradicional que acontece em escolas, praças, feiras e eventos comunitários" e que os equipamentos exibidos estavam em área supervisionada e não foram manuseados pelos estudantes. Evento em colégio cívico-militar faz exposição de armas para estudantes no Paraná Reprodução A atividade registrada no Colégio Estadual Vinicius de Moraes aconteceu poucos dias após a circulação de um outro vídeo nas redes sociais, no qual estudantes do Colégio Estadual Cívico-Militar João Turin, em Curitiba, marcham e cantam uma música com apologia à violência. Nas imagens é possível ver que os jovens eram acompanhados por um monitor do colégio no momento em que cantavam versos como "Homem de preto, qual é sua missão? Entrar na favela e deixar corpo no chão". Após o caso, o secretário de Educação do Paraná, Roni Miranda, disse que o colégio passará por um acompanhamento para o combate da violência e da discriminação. Vídeo mostra apologia à violência em colégio cívico-militar do Paraná Redes sociais Para Gabriel Salgado, gerente de Educação do Instituto Alana, organização que atua há mais de 30 anos na defesa dos direitos de crianças e adolescentes, ambos os casos precisam ser investigados, pois a legislação brasileira prevê a proteção de crianças e adolescentes contra atividades que promovam o uso de armas de fogo e reconhece que a exposição de menores de idade a esses objetos oferece riscos. "Tanto a nossa Constituição Federal, quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente, orientam a prioridade absoluta para crianças e adolescentes com a não promoção de armas e de práticas violentas, compreendendo que essas crianças e adolescentes têm esse direito não só para o fortalecimento da sua dignidade e da sua estabilidade emocional, física e psicológica, mas também compreendendo que essas crianças e adolescentes estão em um momento peculiar de desenvolvimento em que precisam estar cada vez mais protegidos de qualquer forma de violência, discriminação, opressão, crueldade ou conflito violento", comenta o especialista. Leia mais notícias: Feminicídio: Idosa morre 13 dias após ter rosto 'desfigurado' pelo companheiro Nota Paraná: Morador de Laranjeiras do Sul leva último R$ 1 milhão de 2025 Irmão de Chitãozinho e Xororó: Imagens mostram Mauri em último show antes de acidente O Sindicato dos professores e funcionários de escola do Paraná (APP-Sindicato) afirmou que ambos os casos foram denunciados ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Controladoria-Geral do Estado. O g1 enviou questionamentos à Secretaria de Educação do Paraná (Seed) sobre a função pedagógica da exposição dos armamentos no colégio. Perguntou, também, se a secretaria entende que a atividade pode configurar uma violação dos direitos dos menores de idade envolvidos, mas a pasta afirmou que os questionamentos seriam respondidos pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp). Veja a íntegra da nota da Sesp abaixo. Legislação determina às escolas a promoção da 'cultura de paz', diz especialista Gabriel Salgado também afirma que o papel das escolas, definido pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação nacional, deve ser voltado para o combate a todos os tipos de violência. A legislação determina, inclusive, que as instituições de ensino "estabeleçam ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas". Segundo ele, a exposição de armamento pesado dentro da instituição de ensino contrasta com essa determinação. Ele defende ainda que o tema da segurança pública deve ser debatido com os alunos, mas com um projeto pedagógico claro e que não promova o uso da violência para a solução de conflitos. "É claro que os conflitos existem e a gente precisa olhar para eles, até para que os problemas se resolvam. Mas a escola não deve reproduzir a lógica de conflito e de violência que a gente enxerga no restante da sociedade", afirma. Salgado defende ainda que o tema deve ser discutido com a participação da comunidade escolar e das famílias dos alunos. "É fundamental que a gente possa olhar para casos como esse não necessariamente como uma ação violenta, mas como uma ação que mostra pra gente que tipo de atitude ou de construção simbólica a gente tá sugerindo para os nossos estudantes", conclui. O que diz a Sesp Sobre a exposição das armas, em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná disse: "A Secretaria da Segurança Pública do Paraná participou, nesta semana, de uma ação institucional no Colégio Estadual Vinicius de Moraes, em Colombo. Durante o evento, equipes do PROERD, da Patrulha Escolar, da Patrulha Maria da Penha, do Corpo de Bombeiros e de unidades especializadas apresentaram aos alunos aspectos do trabalho diário das forças de segurança. Este é um tipo de ação tradicional que acontece em escolas, praças, feiras e eventos comunitários. Os equipamentos exibidos estavam em área supervisionada, sem qualquer tipo de manuseio pelos estudantes. O secretário da Segurança Pública, coronel Hudson Leôncio Teixeira, conversou com os alunos sobre dedicação aos estudos e valorização da escola pública, reforçando o papel da educação e da segurança na formação cidadã. A SESP destaca que todas as atividades têm foco em prevenção, informação e aproximação responsável com a comunidade." Programa cívico-militar é alvo de ação no STF Escola Cívico-Militar no Paraná Gabriel Rosa/AEN Desde 2021, o programa de colégios cívico-militares no Paraná é alvo de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação, ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), pede a declaração de inconstitucionalidade da lei que institui o programa e do artigo que tira das escolas cívico-militares a obrigação da realização da consulta à comunidade escolar para a escolha de diretores. Em março de 2024, o relator da ação, Dias Toffoli, determinou que o caso fosse levado ao Plenário para julgamento definitivo. Não há prazo para que isso aconteça. Como funcionam os colégios cívico-militares do Paraná Para uma escola estadual do Paraná se tornar um Colégio Cívico-Militar, é feita uma consulta pública para a comunidade escolar decidir se aprova, ou não, a ampliação. Antes, o governo propõe a oferta do programa para colégios específicos por meio de projetos de lei que tramitam na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Quando os projetos são aprovados, a próxima etapa é a consulta. Podem participar da votação os pais ou responsáveis por alunos matriculados nos ensinos Fundamental e Médio, estudantes maiores de 18 anos, professores e funcionários pertencentes ao quadro de servidores da instituição. Para a adesão dos modelos, a votação deve atingir um quórum mínimo de 50% mais um voto. Uma vez aprovado o modelo, dois diretores passam a comandar a escola: um civil, que cuida da parte pedagógica, e um militar da reserva responsável por tratar de questões como disciplina e hierarquia. Os dois gestores são escolhidos pela Secretaria de Estado da Educação, sem participação da comunidade escolar na escolha. Neles, os alunos precisam usar um uniforme específico, composto por uma farda fornecida pelo governo estadual. Além disso, há monitores militares participando da rotina escolar. A quantidade varia conforme o tamanho de cada escola. Nessas escolas, o currículo de aulas dos estudantes também é diferente e inclui estudo da Constituição Federal, além de bases do direito e cidadania. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.