cover
Tocando Agora:

Justiça retoma julgamento do policial penal acusado pela morte de torcedor do Fluminense

Torcedor do Fluminense é morto a tiros em bar no entorno do Maracanã O tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) retomou o julgamento do policial penal Ma...

Justiça retoma julgamento do policial penal acusado pela morte de torcedor do Fluminense
Justiça retoma julgamento do policial penal acusado pela morte de torcedor do Fluminense (Foto: Reprodução)

Torcedor do Fluminense é morto a tiros em bar no entorno do Maracanã O tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) retomou o julgamento do policial penal Marcelo de Lima, acusado de matar o cinegrafista e torcedor do Fluminense Thiago Leonel Fernandes da Motta e de tentar matar Bruno Tonini Moura, na tarde desta quarta-feira (3). 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça O julgamento havia sido adiado em outubro por decisão da juíza Alessandra Lima Roidis, presidente da sessão no IV Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. Na ocasião, a magistrada determinou a dissolução do Conselho de Sentença, formado por sete jurados, acolhendo um pedido do Ministério Público do Rio (MPRJ). Em novembro, a defesa de Marcelo de Lima pediu que a juíza reconsiderasse a decisão anterior que excluiu dos autos documentos sobre o envolvimento da vítima, Thiago Leonel, em registros de ocorrência. Contudo, a 4ª Vara Criminal da Comarca da Capital concedeu habeas corpus para Marcelo, permitindo que a defesa utilize os registros de ocorrência envolvendo a vítima. O tribunal entendeu que a exclusão anterior dos documentos configurou cerceamento de defesa, pois os registros podem subsidiar teses no Tribunal do Júri. Registros de ocorrência A decisão recente cita documentos reunidos pela Polícia Civil durante a investigação do caso, que já estavam nos autos desde o início e fazem parte do estudo vitimológico de todos os envolvidos no processo, entre eles a vítima Thiago Leonel. Thiago Leonel Fernandes da Motta Reprodução Os registros que vão fazer parte da estratégia de defesa do policial penal incluem ocorrências em que Thiago teria se envolvido em confusões em bares (inquéritos de 2013 e 2014), locais com aglomeração e venda de bebida alcoólica (2002) e desrespeito a agente de ordem pública (2019). Relembre o caso Na noite de 1º de abril de 2023, Thiago Leonel e o amigo Bruno Tonini estavam em um bar lotado de torcedores tricolores, próximo ao Estádio do Maracanã, após o clássico Flamengo x Fluminense, quando foram baleados por Marcelo, que estava de folga. Thiago, de 36 anos, era operador de câmera, diretor de fotografia e sambista, conhecido por ser um dos fundadores do grupo Samba pra Roda, que se apresentava com frequência no Bar do Omar. Ele morreu no local após ser alvo de nove tiros. Bruno ficou gravemente ferido e precisou passar por cirurgia — perdeu o rim, o baço, parte do fígado e do intestino. Marcelo de Lima: policial penal Reprodução Imagens registradas por frequentadores (veja no vídeo no topo da reportagem) mostram o momento em que nove disparos são feitos. As pessoas, inicialmente sem entender o que ocorria, se abaixam e buscam abrigo atrás de mesas e paredes do bar. Discussão Segundo testemunhas, uma discussão começou após uma confusão no balcão do bar. Nos primeiros depoimentos à Polícia Civil, testemunhas disseram que o desentendimento teria sido motivado por uma disputa por duas pizzas brotinho — as últimas disponíveis. Marcelo teria tentado pegar uma das pizzas que estavam com Thiago, foi retirado do local sob agressões e retornou minutos depois com uma arma, efetuando os disparos. Mais tarde, a investigação descartou essa versão. O Ministério Público concluiu que os tiros foram disparados após desavenças políticas entre Marcelo e as vítimas. Durante o processo, o policial penal afirmou que se sentiu ameaçado e que agiu em legítima defesa. Disse também que ficou “triste por terem dito que ele matou por causa de uma pizza”. Investigação O crime gerou forte comoção entre amigos e familiares das vítimas. O Fluminense Football Club divulgou nota lamentando a morte de Thiago e prestando solidariedade à família e a Bruno Tonini. Já a Secretaria de Administração Penitenciária informou à época que abriu processo disciplinar e repudiou “todo ato de violência praticado por seus servidores”. O cinegrafista Thiago Leonel Fernandes da Motta Reprodução/TV Globo Em abril de 2023, a Justiça converteu a prisão em flagrante de Marcelo em prisão preventiva, destacando “a personalidade extremamente violenta e desajustada” do acusado e o risco à ordem pública. Em outubro daquele ano, o juiz Gustavo Kalil confirmou que ele seria julgado por homicídio e tentativa de homicídio triplamente qualificados, por motivo torpe, por colocar outras pessoas em perigo e pela impossibilidade de defesa das vítimas.