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Há 22 anos, foguete brasileiro explodiu na Base de Alcântara e matou 21 pessoas; relembre

Veja como foi lançamento do primeiro foguete comercial partindo do Brasil A explosão do foguete da empresa sul-coreana InnoSpace chamado 'HANBIT-Nano', após ...

Há 22 anos, foguete brasileiro explodiu na Base de Alcântara e matou 21 pessoas; relembre
Há 22 anos, foguete brasileiro explodiu na Base de Alcântara e matou 21 pessoas; relembre (Foto: Reprodução)

Veja como foi lançamento do primeiro foguete comercial partindo do Brasil A explosão do foguete da empresa sul-coreana InnoSpace chamado 'HANBIT-Nano', após o lançamento, nesta segunda-feira (22), trouxe de volta as lembranças de uma tragédia ocorrida há 22 anos e que atrasou em décadas o Programa Espacial Brasileiro: A explosão do foguete Veículo Lançador de Satélites (VLS), no dia 22 de agosto de 2003. Ambos os acidentes aconteceram no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Porém, diferente do foguete da Coréia do Sul - que não estava tripulado e foi lançado -, a falha de 2003 terminou com a morte de 21 profissionais civis que trabalhavam nas proximidades do foguete, antes do lançamento (veja abaixo). Veja também: Lançamento de 1º foguete comercial partindo do Brasil é marcado por adiamentos, explosão após 'anomalia' e pedido de desculpas de CEO Relembre a explosão do VLS, um dos maiores acidentes da corrida espacial no mundo Do ponto de vista de avanços na segurança, a tragédia que aconteceu há 22 anos ajudou o Brasil a evitar novos imprevistos e mortes. Especialistas também afirmam que a explosão desta segunda (22) não é motivo para frustração, pois comprovou a eficácia nos protocolos de segurança e na infraestrutura brasileira envolvida no lançamento. 📲 Clique aqui e se inscreva no canal do g1 Maranhão no WhatsApp Relembre a tragédia de 2003 A tragédia do VLS-1, em agosto de 2003, foi o maior desastre da história do Programa Espacial Brasileiro e um dos maiores do mundo, impedindo que o país colocasse em órbita dois satélites nacionais de observação terrestre. Segundo as investigações, toda a estrutura em volta do foguete já estava montada e ele passava por ajustes finais na Torre Móvel de Integração (TMI) quando, às 13h26, um dos motores teve uma ignição prematura e o protótipo foi acionado antes do tempo. A torre acabou explodindo e matando os profissionais que trabalhavam no local. Info acidente Alcântara Arte/G1 Segundo o relatório final da investigação, concluído pelo Comando da Aeronáutica em fevereiro de 2004, a causa da explosão foi um "acionamento intempestivo" provocado por uma pequena peça que ligava o motor do foguete. O Ministério da Aeronáutica descartou a possibilidade de sabotagem, de grosseira falha humana ou de interferência meteorológica, mas apontou "falhas latentes" e "degradação das condições de trabalho e segurança", entre eles saídas de emergência que levavam para dentro da própria TMI, além de estresse por desgaste físico e mental dos tecnologistas. Veja também: 'Foi tipo um trovão', diz pescador sobre explosão ocorrida há 10 anos Relembre a explosão do VLS, um dos maiores acidentes da corrida espacial Parentes e amigos homenageiam vítimas do acidente com o VLS Escombros da torre de lançamento do VLS em Alcântara Ed Ferreira/Estadão Conteúdo Novo acidente Em novembro de 2015, um novo acidente assustou moradores de Alcântara. Um foguete suborbital modelo VS-40M V3, construído no DCTA de São José dos Campos, explodiu no momento do lançamento. Todo o foguete foi perdido e a estrutura de lançamento danificada. O lançamento fazia parte da Operação São Lourenço. A plataforma levaria ao espaço um componente do Sistema de Navegação (Sisnav), denominado Sistema de Medição Inercial (Sismi), acompanhado de um GPS de aplicação espacial desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – em cooperação com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) –, ainda em fase de qualificação. O que mudou após a tragédia do VLS-1 Após o acidente, novas medidas de segurança foram adotadas na Base de Alcântara, como a inauguração de uma nova TMI, em 2012. A área, projetada e construída com concreto armado, possui uma extensa fiação que garante corrente elétrica para um dos estágios da plataforma do Veículo Lançador de Satélites. VÍDEO: Foguete sul-coreano lançado no Centro de Lançamento de Alcântara, no MA, em 2023. Novos testes com foguetes também foram realizados na área. Em 2023, deste ano, a mesma empresa InnoSpace lançou o foguete sul-coreano HANBIT-TLV, em uma missão considerada com sucesso, e que serviu de teste para o lançamento desta segunda (22), que definitivamente colocaria em órbita oito cargas úteis, entre cinco satélites e três experimentos científicos, desenvolvidos por instituições do Brasil e da Índia. Por que a base de lançamento fica em Alcântara? Unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) no Maranhão, o CLA foi construído para ser ponto de lançamento de foguetes científico-tecnológicos pela localização geográfica estratégica, já que não era possível a ampliação do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) de Natal (RN), que sofria processo de expansão urbana na época. A fundação ocorreu no dia 1º de março de 1983, assinada por João Figueiredo. A escolha da cidade histórica de Alcântara foi motivada pela proximidade com a Linha do Equador, que catalisa o impulso dos lançadores, economizando combustível utilizado nos foguetes. Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão REUTERS Até o desenvolvimento do VLS, foram necessários 20 anos de pesquisa e aprofundamento. Nos últimos anos, a retomada do desenvolvimento do veículo espacial que coloque um satélite nacional na órbita do planeta Terra com o impulso de parcerias internacionais foi acelerada e um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) foi concluído pelo Governo Federal, em 2019. Após a assinatura do documento, a Agência Espacial Brasileira (AEB) lançou um edital para atrair o interesse de empresas privadas na utilização do Centro de Lançamento de Alcântara. Quatro empresas foram habilitadas, dentre elas, a sul-coreana Innospace. O acordo contém cláusulas que protegem tanto a tecnologia usada pelos estrangeiros quanto pelos brasileiros. No caso de um acordo feito com os Estados Unidos, eles poderão lançar satélites e foguetes do local, mas o território de Alcântara continuará sendo espaço de jurisdição brasileira. O acordo determina que o conhecimento sobre a tecnologia da carga útil presente no foguete, que foi desenvolvida pelo Brasil, também não seja acessível a países estrangeiros.