Como (e por que) casal Lorena e Juquinha, de 'Três Graças', ganhou repercussão internacional
O fenômeno Loquinha: como casal de “Três Graças” conquistou fãs ao redor do mundo Como todos os casais da novela "Três Graças", Lorena (Alanis Guillen...
O fenômeno Loquinha: como casal de “Três Graças” conquistou fãs ao redor do mundo Como todos os casais da novela "Três Graças", Lorena (Alanis Guillen) e Juquinha (Gabriela Medvedovsky) estão se envolvendo aos poucos. Desde o capítulo em que se conheceram, exibido no dia 29 de novembro, elas se encontraram, flertaram... e curiosamente, mesmo antes do primeiro beijo, já tinham até fãs internacionais. Apesar de não falar português, pessoas de vários países têm procurado saber sobre "Loquinha" (apelido do casal). Ao buscar os nomes das personagens no X, há contas de lugares como Irlanda, Canadá, Itália, Reino Unido e Ásia Ocidental falando sobre as duas. O principal motivo desse sucesso? A representação romântica e bem-feita de um casal de mulheres. É o que diz a romancista americana Rachael Lippincott, autora do best-seller “A Cinco Passos de Você”. A escritora revelou que fez até uma conta no Globoplay para ver "Loquinha". E contou ao g1 que está adorando a trama do casal: "Dá uma vontade instantânea de ver mais dessas duas personagens juntas". Lorena (Alanis Guillen) e Juquinha (Gabi Medvedovsky), de 'Três Graças' Reprodução/TV Globo Lippincott é só uma das várias fãs gringas de "Loquinha". A repercussão do casal foi tanta que a própria Globo entrou na brincadeira e legendou cenas em inglês, italiano e espanhol. E tudo indica que essas espectadoras internacionais vieram pra ficar — e acompanhar o romance. As atrizes celebram esse momento e, para elas, a forma que a história está sendo contada é o grande apelo do casal. "A gente está trazendo essa história de uma maneira real, sem apelos, sem estigmas, sem estereótipos", diz Alanis Guillen ao g1. Como ‘Loquinha’ chegou na gringa É difícil dizer com certeza como aconteceu, mas fandoms já estabelecidos definitivamente ajudaram. Há várias contas nas redes sociais, especialmente no X, que interagem com conteúdos de artistas e histórias sáficas — ou seja, de mulheres que se relacionam com outras mulheres. É o caso das “Zeudiners”, que acompanham a modelo bissexual italiana Zeudi Di Palma; e dos fãs de “GL” (girls love), obras tipo dorama sobre relações entre mulheres, geralmente produzidas na Tailândia. E como esse tipo de representação LGBTQ+ ainda não é tão comum em todos os lugares, os fandoms incluem pessoas de vários países. Uma das "Zeudiners", por exemplo, tirou um tempo para traduzir a história das personagens para o italiano. "A telenovela é exibida diariamente na Globo às 21h20 (horário brasileiro), ou 1h20 da manhã na Itália", já avisou a usuária do X. Italiana traduz trama de 'Três Graças' para o italiano Reprodução/X Aí, é trabalho também do algoritmo: quando alguém em um grupo de fãs interage com um conteúdo, ele chega rapidamente a outras pessoas. Foi o que aconteceu com Lippincott, que contou ao g1 que descobriu "Loquinha" graças à comunidade que interagia com o GL tailandês. Para a autora, o retrato de Lorena e Juquinha é tão interessante porque parece de verdade. "Mesmo nos poucos momentos que elas passam juntas, a química entre elas é óbvia e genuína. Até na cena do episódio de 2 de dezembro, em que a Lorena está só pensando na Juquinha, ela fica corada e se abana depois de conhecê-la há apenas dois dias. É simplesmente... tão sáfico, no melhor sentido", conta a americana. Histórias com apelo internacional Lippincott conta que outras histórias brasileiras sáficas já chamaram a atenção dela. Ela acompanhou a novela "Em Família" para ver Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) e, mais recentemente, viu webséries brasileiras como "Stupid Wife" e "Depois da Meia-Noite". "Acho que estamos sempre em busca de conteúdo que reflita alguma parte da nossa experiência, que nos represente, e muitas vezes é difícil encontrar. Existe a constante realidade e o medo de uma série ser cancelada, de um filme mostrar apenas a tristeza em vez da alegria. Minha maior esperança, como autora e como lésbica, é que a próxima geração se sinta representada de uma forma que eu não fui. E que eu, aos 30 anos, ainda queira ser representada". Globo passou a postar trechos de cenas do casal com legenda em português e inglês Reprodução/TV Globo Para Alanis, é essa "verdade" que faz de "Loquinha" um casal tão importante. "Eu acredito no poder da representatividade como uma forma de liberdade, de aceitação, de sobrevivência (...). E eu fico muito honrada e feliz de dar voz a essa história, a esse romance, e conseguir com o nosso trabalho e com a dramaturgia falar, com verdade, sobre a verdade". "Tem um grande poder, entrar na casa de milhares de pessoas que não têm uma visão, não têm um convívio ou que negam essas existências e aqui podem conhecer e ver de uma maneira simples que essas histórias existem e são tão lindas e reais quanto as que elas conhecem".