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Com confusão e debandada de conselheiros, Unicamp aprova autarquização do complexo hospitalar

O Conselho Universitário da Unicamp (Consu) aprovou, na tarde desta quinta-feira (18), o envio do projeto para transformar a área da saúde da universidade em...

Com confusão e debandada de conselheiros, Unicamp aprova autarquização do complexo hospitalar
Com confusão e debandada de conselheiros, Unicamp aprova autarquização do complexo hospitalar (Foto: Reprodução)

O Conselho Universitário da Unicamp (Consu) aprovou, na tarde desta quinta-feira (18), o envio do projeto para transformar a área da saúde da universidade em uma autarquia ao Governo do Estado de ão Paulo. A votação foi realizada em sessão extraordinária e virtual, com manifestações de estudantes e funcionários contrários à proposta e debandada de conselheiros após a confusão ocorrida na sessão. 🔎A autarquização da saúde da Unicamp propõe a transformação de hospitais e unidades de saúde da universidade em uma entidade com gestão e orçamento próprios, separada da administração central — saiba mais aqui. A sessão extraordinária segue em andamento nesta tarde para discutir os itens da proposta, que ainda precisa passar por votação na Alesp para ser aprovada. A aprovação no Consu ocorre após duas tentativas de votar o projeto terem sido adiadas. Nesta terça-feira (16), a reunião do Consu foi suspensa após duas interrupções, devido à entrada de manifestantes em prédios da instituição. O g1 entrou em contato com o Sindicato dos Servidores da Unicamp (STU) para obter um posicionamento e a reportagem será atualizada quando houver resposta. 📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp Protestos Autarquização da saúde na Unicamp: sessão do Consu é interrompida por manifestantes Reprodução/YouTube A primeira interrupção da votação desta terça ocorreu pela manhã, quando manifestantes contrários à mudança de gestão entraram na sala onde o Consu estava reunido. Durante a sessão, participantes protestaram afirmando que as portas do local estavam fechadas para a comunidade. Em seguida, os manifestantes passaram a entoar coro contra a proposta de autarquização. A transmissão ao vivo foi interrompida pouco depois. A segunda interrupação aconteceu no fim da tarde, por volta das 16h10. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), a reitoria se transferiu para o prédio da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp). 🔎A fundação faz o gerenciamento de convênios, que a Unicamp realiza com instituições públicas e privadas. Atualmente, o convênio do complexo de saúde da universidade está assinado entre a Funcamp e a Secretaria Estadual de Saúde. Ainda de acordo com o sindicato, estudantes não estavam conseguindo acessar o link para participar da votação remota e pediram a suspensão da reunião, que não foi atendida pela reitoria. "Por que o alto escalão estava todo numa sala reunido e fazendo reunião do Consu com outros membros conselheiros online? Os estudantes não foram ouvidos e os trabalhadores também não e aí houve um movimento de ocupação da sala e o reitor teve que suspender a votação do Conselho Universitário", disse uma diretora do STU que não quis se identificar. . Em nota, a Reitoria da Unicamp manifestou “repúdio aos graves atos de violência ocorridos nas dependências da universidade na manhã e na tarde desta data”. De acordo com a nota, os episódios configuram “afronta à autonomia universitária” e que as práticas “são incompatíveis com os princípios democráticos”. Já o Centro Acadêmico do Faculdade de Ciências Médicas da universidade manifestou "repúdio contra os atos de violência" e "os atos autoritários e antidemocráticos" praticados pela reitoria nas sessões do Consu", uma vez que a votação aconteceu em momento de esvaziamento da unviversidade, "excluindo a participação ativa de estudantes e trabalhadores, restringindo o direito de deliberação das instâncias democráticas da universidade". Paralisação Manifestantes se reuniram em frente ao Consu da Unicamp nesta terça-feira Aline Albuquerque/CBN Campinas Cerca de 30% dos servidores da área da saúde estão paralisados desde segunda-feira (15), segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU). Os funcionários têm se revezado nas áreas hospitalares, garantindo a manutenção dos serviços essenciais. De acordo com o sindicato, os ambulatórios e as cirurgias eletivas são os setores mais impactados. O Hospital de Clínicas, por sua vez, afirmou que todas as atividades assistenciais, tanto eletivas quanto de urgência, seguem funcionando normalmente. Já o Hospital da Mulher (Caism) informou que os serviços de enfermagem foram os mais afetados. O centro também destacou que os funcionários estão se alternando para participar dos atos e que a adesão à paralisação deve aumentar nesta terça-feira, em razão da votação prevista. Em nota divulgada nesta quarta-feira (17), a Reitoria frisou que a greve “apresenta adesão diminuta, sem qualquer efeito sobre o funcionamento da Universidade”. O que mudaria na saúde? De acordo com a proposta, a área da saúde deixaria de integrar diretamente a estrutura administrativa e orçamentária da Unicamp e seria transformada em uma autarquia chamada Hospital das Clínicas da Unicamp (HC-Unicamp). A previsão é que a autarquização seja aprovada institucional e legalmente no primeiro semestre de 2026. A reorganização administrativa e financeira ocorreria entre 2026 e 2027, enquanto a expansão e consolidação do projeto aconteceriam entre 2027 e 2036. PARA SABER MAIS: Entenda em 7 pontos como Unicamp quer transformar complexo de saúde em autarquia A autarquia reuniria oito órgãos, incluindo o atual Hospital de Clínicas e o Hospital da Mulher, Caism, e seria vinculada à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo para fins administrativos e orçamentários. Segundo a Unicamp, com a autarquização, cerca de 17% do orçamento da universidade, o equivalente a R$ 1,1 bilhão, deixaria de ser destinado à saúde. Esses recursos seriam direcionados para a expansão acadêmica, criação de novos cursos e investimentos em infraestrutura. Já o STU afirma que a autarquização representa a perda do controle administrativo e financeiro do complexo da saúde e alerta para a falta de garantias quanto à manutenção dos empregos dos trabalhadores e da qualidade do atendimento em saúde de alta complexidade. Manifestantes entram em prédio da Funcamp e votação é suspensa pela segunda vez no dia Arquivo pessoal VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1