Adolescente é condenado por terrorismo na Venezuela após ser associado à oposição pela roupa que usava
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante coletiva de imprensa em 1º de setembro de 2025 REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria Um tribunal da Venezuela ...
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante coletiva de imprensa em 1º de setembro de 2025 REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria Um tribunal da Venezuela condenou um adolescente de 17 anos a seis anos de prisão por “terrorismo”. Segundo uma organização de defesa de presos políticos, as autoridades consideraram que as roupas usadas por ele eram semelhantes às de manifestantes da oposição. O caso foi divulgado nesta quarta-feira (17) pelo Comitê pela Liberdade dos Presos Políticos. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O jovem, identificado como Gabriel Rodríguez, foi acusado de “terrorismo, incitação ao ódio e fechamento de vias públicas”. Ele foi detido em 9 de janeiro, no dia em que a oposição foi às ruas contra a posse do presidente Nicolás Maduro para um terceiro mandato consecutivo. A oposição denuncia a reeleição de Maduro como fraudulenta e afirma que o vencedor foi o candidato Edmundo González. Os Estados Unidos, a União Europeia e a maioria dos países da América Latina não reconheceram o resultado. Segundo familiares, Rodríguez não participava do protesto. Ele foi detido ao sair do trabalho, em Cabudare, no estado de Lara, no noroeste do país. “Não encontraram nada contra ele. Simplesmente o prenderam por causa da roupa”, disse no domingo (15) o avô do adolescente, Luis Méndez, durante um protesto em Caracas. Veja os vídeos que estão em alta no g1 De acordo com a ONG Provea, o jovem vestia um casaco e uma bermuda pretos. As autoridades o acusaram de parecer um “guarimbero”, termo usado pelo chavismo para se referir a manifestantes da oposição. "Ele nem mesmo estava participando de nenhum protesto. Simplesmente estava passando e sua roupa chamou a atenção dos funcionários do Estado. Eles o levaram e envolveram em um caso no qual ele não tem nada a ver", disse à AFP Andreína Baduel, que integra o comitê. Baduel é filha de um ex-ministro da Defesa do presidente Hugo Chávez que caiu em desgraça e morreu na prisão. Segundo a organização, não houve ordem judicial para a prisão. “É desproporcional e ilegal”, afirmou o grupo em publicação na rede X. Além da pena de prisão, o adolescente foi condenado a quatro anos de trabalho comunitário. Os protestos de 9 de janeiro deixaram cerca de 20 detidos. A líder opositora María Corina Machado, vencedora do prêmio Nobel da Paz, foi detida minutos depois de sair da clandestinidade para participar de uma marcha em Caracas. Nos últimos meses, uma nova onda de prisões de opositores ocorreu no país. Segundo a ONG Fórum Penal, ao menos 902 pessoas estão presas por motivos políticos na Venezuela. Outras organizações estimam que o número ultrapasse mil. LEIA TAMBÉM Petróleo é prioridade em investida de Trump contra a Venezuela, diz jornal Trump eleva o tom contra Maduro a nível estridente com ameaça de bloqueio total A escalada da tensão entre Venezuela e EUA, dia a dia: bombardeios no Caribe, porta-aviões e ameaça direta de ataque VÍDEOS: mais assistidos do g1