Menino de 3 anos que passou por transplante de coração no InCor tem alta após 1 ano e 5 meses internado
08/05/2024
Davi D'Artibale nasceu com cardiopatia congênita que só foi descoberta no fim da gestação. Ele recebeu o novo órgão em 17 de fevereiro deste ano; foram 81 dias internado após procedimento à espera da alta hospitalar. Davi D'Artibale fez transplante de coração no Incor, em SP
Arquivo pessoal
Por 1 ano, 5 meses e 3 semanas o Instituto do Coração (InCor) de São Paulo foi a casa do pequeno Davi D'Artibale, de 3 anos, diagnosticado com cardiopatia congênita, uma má-formação do coração. Mas nesta quarta-feira (8) a notícia tão esperada chegou: a alta hospitalar após passar por transplante em 17 de fevereiro.
"Muita gratidão a Deus e à equipe do InCor. Muita alegria. A casa está pronta para recebê-lo e os 4 irmãos estão na maior expectativa de espera. Haverá uma nova adaptação de medicações e tudo mais, mas tudo vai entrando no eixo com os dias", afirmou Tatiana Cristina D'Artibale, mãe de Davi.
O g1 conheceu a história de Davi durante uma reportagem realizada em outubro de 2023 sobre os 30 anos de realização de transplantes cardíacos no InCor, em São Paulo. Na ocasião, o menino cheio de carisma e muito inteligente pegou várias cartinhas com as letras do alfabeto e foi comentando: "C de coração", "D de Davi" (veja vídeo abaixo).
Davi D'Artibale com os pais nesta quarta-feira (8) após alta hospitalar
Arquivo Pessoal
A mãe do pequeno contou que a cardiopatia congênita foi descoberta no fim da gestação. Davi chegou a passar por duas cirurgias, sendo a primeira com apenas três dias de vida.
A família de cinco filhos morava em Boa Vista, Roraima, mas se mudou para Atibaia para ficar mais perto da capital paulista durante o tratamento no InCor. Os pais se revezaram para cada um passar uma semana no quarto do InCor.
"Para a gente, é um desafio pensar que talvez uma outra criança vai ter que partir para que ele consiga um coraçãozinho, mas uma coisa que nos consola é saber que talvez Deus vai colocar no coração dessa família [o pensamento de] que o coraçãozinho do filho, do neto, poderá ser uma bênção na vida do Davi", afirmou a mãe, na época, enquanto aguardava pelo transplante.
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'Presente de aniversário'
No dia 17 de fevereiro deste ano o sonhado transplante foi realizado, dando um novo significado a uma de suas letras favoritas do alfabeto: "C de coração". O procedimnto foi perto do aniversário dele, comemorado em 28 de fevereiro.
"Ganhou um novo coração de presente de aniversário", disse a Tatiana após o transplante.
Davi D'Artibale em quarto do InCor
Carlos Henrique Dias/g1
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Transplante cardíaco
A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) detalha que a intervenção médica é uma solução viável para pessoas com doenças cardíacas graves e irreversíveis.
A seleção dos receptores é feita por meio de avaliações médicas que levam em conta a gravidade da condição, a idade, o estado de saúde e a capacidade de recuperação do paciente.
Avaliação médica: o paciente passa por avaliações cardiológicas detalhadas, exames de sangue, testes de função pulmonar e avaliação psicológica.
Lista de espera: uma vez elegível para o transplante, o paciente é inserido na lista de espera por um doador compatível. A espera pode variar de dias a meses.
Diretrizes de saúde: durante a espera, os pacientes devem seguir um estilo de vida saudável e aderir às orientações médicas.
Havendo doador compatível e sendo seguida a lista única, o procedimento é realizado da seguinte forma:
Cirurgia de remoção do coração doente;
Implante do novo coração;
Restauração da circulação;
Monitoramento e recuperação em unidade de terapia intensiva;
Reabilitação e acompanhamento. Após a alta hospitalar, o paciente continua a reabilitação em casa ou em um centro especializado;
Visitas regulares ao médico para monitorar a saúde cardíaca e ajustar medicamentos.
No InCor, cerca de dez pacientes tiveram de passar por um novo procedimento cirúrgico, o retransplante, segundo a coordenadora clínica do Núcleo de Transplante de Coração do InCor, Estela Azeka.
"Outra situação que com o tempo nós fomos aprendendo é com relação ao retransplante. Hoje, nós convivemos com transplante dessas mesmas crianças com o retransplante de coração. Eventualmente, isso pode acontecer por conta de doença coronariana pós-transplante."
Davi ficou na fila para receber um coração em São Paulo
Carlos Henrique Dias/g1